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Aparentemente, alguns de nós já ultrapassaram o fenómeno do ano passado – languescer ou elanguescer (blah para os leigos) – e estamos já a dar os primeiros passos daquilo que o mesmo Adam Grant classifica como “crescimento pós-traumático”.
Os nomes complexos e pomposos mais não significam que podemos estar a deixar de viver num certo torpor e, não só levantarmo-nos de novo mas sentirmo-nos prontos para seguir em frente, com um novo sentido de propósito.
A Anita não perde nenhuma oportunidade de se debruçar sobre novos ou semi-novos conceitos sobre movimentos e comportamentos sócio-culturais, pelo que, no episódio de hoje, disseca a aplicação deste conceito ao contexto que vive e combina-o com uma projeção do seu futuro eu.
Complexo? Confuso? Pode ser. Mas tem tudo para ser uma excelente conversa a três.
Neste episódio mencionamos:
“Languishing Is on Its Way Out, According to Adam Grant. Here’s What He Says Comes Next”, artigo de Jessica Stillman publicado em Inc. a 12 de Outubro de 2022
“Option B”, livro de Adam Grant com Sheryl Sandberg
Denise Duffield-Thomas
“You Need to Practice Being Your Future Self”, artigo de Peter Bregman, publicado a 28 de Março de 2016 em Harvard Business Review.
“Playing Big”, livro e curso de Tara Mohr
“Las hijas de Felipe”, um podcast que a Constança adora ouvir
“Mãos à Obra”, o livro da Constança
“Mulheres que correm com os lobos”, livro de Clarissa Pinkola Estés
Gretchen Rubin: As Quatro Tendências
Elena Ferrante
ReStart: It’s never too late (by James Pattinson)
“Letters to friends”, a newsletter semanal da Billy
A newsletter da Anita
O Consultório da Anita
E não se esqueçam:
A Anita regressa ao trabalho quando bem lhe apetece e pode, idealmente a cada semana, mais coisa menos coisa, com um ponto de situação nos seus projetos. No entanto, como boas aspirantes à omnipresença, continuamos ligadas no Instagram, em @anita_no_trabalho, e ainda em anitanotrabalho.com, onde poderão conversar connosco através da secção Querida Anita, ou no Facebook. Para consultas mais específicas, a Anita está disponível para sessões individuais com a sua comunidade em anitanotrabalho.com/consultorio
Ou nas nossas plataformas profissionais:
Eli: nautilo.net | facebook | twitter | Instagram
Billy: airdesignstudio.com | facebook | Instagram
Constança Cabral: Blog | Instagram | Facebook
Créditos:
“Polygamie” de Gabriel Vigliensoni, através do Free Music Archive.
Vamos lá então…
Eu sou daquelas pessoas que passou por um processo profundo de redescoberta pessoal durante a pandemia. Processo esse que foi fundamental para me recentrar novamente, porque de algum modo me tinha perdido por completo no meio deste mundo glorificador de pessoas ocupadas, em que não há lugar ao ócio pelo ócio, em que tens que ser tudo ao mesmo tempo senão não te dão valor enquanto pessoa, profissional, mãe, mulher, amiga, etc. Ou se calhar, sou que eu me imponho esse tipo de fasquia e me desculpo com a pressão social…
E eu estava cheia de saudades de vos ouvir, sempre com questões e temas pertinentes!
E agora dou por mim a lamentar que certas coisas tenham retomado o seu “curso normal” como se não tivéssemos passado por um pandemia. Chego mesmo a ressentir-me por termos voltado à “normalidade” (o que isso signifique por estes dias…) com tanta leveza de espírito e com tamanha naturalidade. É como se me ressentisse por ter percorrido este caminho de redescoberta pessoal e agora fique zangada por me quererem colocar novamente no caminho sem sentido em que eu estava antes da pandemia.
Houve tantas coisas que por mim manteria inalteradas – leia-se as 500 festas de aniversário de todos os colegas dos meus filhos e mais alguns, festas e convívios só porque sim… reuniões presenciais que não precisam definitivamente de o ser, trabalho presencial porque os chefes não tiveram já provas provadas de que somos pessoas responsáveis e produtivas e continuam a achar que o trabalho à distância faz de nós uns calões preguiçosos!
De uma coisa estou certa, até ter feito este caminho de redescoberta pessoal, andava completamente em auto-piloto. E pior, era uma yes woman, daquelas que ia a todas. E eu percebi que não quero mais isso para mim. Aliás, nunca quis… mas embarquei porque me senti pressionada em algum momento a ser uma pessoa que nunca tive pretensões de ser.
E continuo a dizer que foi de “re”descoberta (e não descoberta), porque eu percebi que tinha deixado a minha essência algures pelo caminho. Que a rotina mata lentamente desejos, vontades, expectativas, acorrenta sonhos. O ram-ram do dia-a-dia faz-nos andar numa correria, num bulício de compromissos e horas anotadas na agenda. Não nos dá margem para parar, escutar os sons à nossa volta, não permite parar para ler um bom livro e simplesmente apreciá-lo (motivo pelo qual ainda não concluí a leitura do Playing Big…), de sentar na praia ou simplesmente caminhar descalça no areal, algo que sempre foi fundamental para eu ordenar o caos dos meus pensamentos desde que me conheço como ser pensante. O ritmo da vida que nos foi imposto de há uns anos a esta parte dá pouca margem para o contacto com a natureza, para fazermos as coisas de que mais gostamos. Para dar largas ao nosso lado mais criativo, mais sensível, mais sensorial.
Aqui estou completamente de acordo com a Constança, há alturas em que precisava de uma sabática para ir para um spa, ou para um sítio isolado e estar a sós comigo mesma, atender apenas e só às minhas necessidades. Creio que isto seja mais premente nas mulheres por causa de todas as tarefas e micro-tarefas e carga mental invisível que suportam por serem mães. Eu pelo menos sinto isso… há dias em que só queria desligar todas as necessidades e exigências de tudo e de todos à minha volta. Eu sempre adorei estar a sós comigo mesma, talvez porque sou filha única e cresci sempre a brincar largos períodos sozinha. Eu adoro estar comigo mesma, sinto uma necessidade absoluta disso! Também não acho que seja algo egoísta, considero piamente que é uma questão de auto-preservação e conservação da minha sanidade mental.
Apesar de gostar da ordem que as rotinas trazem, também sou resistente a elas, especialmente se essas rotinas forem compostas de coisas que eu não aprecio particularmente fazer. São o mote direto para começar a parada de procrastinação!
Mas eu identifico-me um bocadinho da Ellie, no que diz respeito a ser mais intencional e de optar por aquilo que me faça sentir mais valorizada ou que me traga mais valor à minha vida. Mas tenho mais ainda da Billy, porque eu tenho ambições relativamente a quem quero ser. Que é algo que nunca deixei de querer ser, simplesmente vi-me forçada (muito devido à maternidade) e por isso em stand-by, e a pandemia fez-me ver que se calhar isso já estava em suspenso há demasiado tempo e era hora de realinhar as coisas.
Este ano tem sido particularmente duro no que diz respeito a avanços em termos pessoais e profissionais e acho que tenho pensado ainda mais profundamente sobre qual o meu propósito, porque quero encontrar de uma vez por todas aquilo que me traz realização profissional, que é aquela área em que sinto que não atingi os meus objetivos. Progressiva e lentamente tenho vindo a perceber que esse propósito está relacionado com o meu lado mais criativo, e não tanto com a minha área académica. Mas ainda não cheguei ao momento a-ha!