Episódio #5 Temporada 7: “Break the bias”

Este mês, numa data que se repete desde 1910 e à qual cada vez mais países foram aderindo, celebramos o Dia Internacional da Mulher.

A Anita lança-se em reflexão sobre o tema deste ano “Break the bias” e questiona-se sobre as ideias preconcebidas ou enviesadas com que se confronta e sobre a origem e repercussão das mesmas.

Curiosamente, dá-se conta de que, de forma inconsciente ou por um qualquer processo de aprendizagem por osmose, tem enraizadas no seu sistema de crenças uma série de preconceitos que acabam por a condicionar.

Bem-vindos a mais uma conversa a três, com a Constança a ajudar-nos a explorar formas de ultrapassarmos o enviesamento, interno e externo.

Neste episódio mencionamos:
“IWD 2022: Breaking the biases on a personal, and business, level”, artigo de Jane Terpstra-Tong e Sharon Cheah, publicado a 8 de Março de 2022.
“International Women’s Day: the best #BreaktheBias campaigns from brands and agencies”, artigo de Ellen Ormesher, publicado a 8 de Março de 2022.
“Stereotyping biggest obstacle for women in tech”, artigo de Ruth Holmes, publicado a 7 de Março de 2022.
Carolina Salgueiro Pereira – Manual para construir um mundo melhor
Sistema elu
Campanha sobre a menopausa
“Grey’s Anatomy”
Vídeos da exposição “Quilts 1700 – 2010 Videos” no Victoria and Albert Museum, em 2010.
“Ad agency CPB London launches ‘Imagine’ campaign to tackle gender bias”

Assinem a newsletter da Anita!
A Anita no Instagram

E não se esqueçam:
A Anita regressa ao trabalho quando bem lhe apetece e pode, idealmente a cada semana, mais coisa menos coisa, com um ponto de situação nos seus projetos. No entanto, como boas aspirantes à omnipresença, continuamos ligadas no Instagram, em @anita_no_trabalho, e ainda em anitanotrabalho.com, onde poderão conversar connosco através da secção Querida Anita, ou no Facebook. Para consultas mais específicas, a Anita está disponível para sessões individuais com a sua comunidade em anitanotrabalho.com/consultorio

Ou nas nossas plataformas profissionais:
Eli: nautilo.net | facebook | twitter | Instagram
Billy: airdesignstudio.com | facebook | Instagram
Constança Cabral: Blog | Instagram | Facebook

Créditos:
“Polygamie” de Gabriel Vigliensoni, através do Free Music Archive.

3 comments

  1. Naná says:

    Xiiiii, por favor, não habituem mal… isto de ser mencionada no episódio é uma honra enorme! 🙂 obrigada e eu é que agradeço por estas conversas tão interessantes!

    Eu adoro este tema!
    Eu que trabalhei durante 8 anos num meio profissional quase exclusivamente masculino (e adorei!), apenas me senti discriminada por ser mulher, depois de ter sido mãe. Ouvi mesmo de um chefe que eu “tinha que escolher” e não podia ter “as duas coisas” (leia-se ter uma carreira e ser mãe). Curiosamente, só me senti discriminada por pessoas com cursos superiores, porque o servente e o pedreiro nunca o fizeram. Respeitavam-me pelo papel que eu desempenhava. Curiosamente, colegas masculinos que desempenhavam as mesmas funções eram gozados pelos trabalhadores. Porque pelos vistos zelar pela segurança e saúde deles no trabalho é bem visto se for uma mulher a desempenhar (se calhar pelo estereótipo de papel de protectora/cuidadora da mulher), mas se for um homem é considerado como “mariquice”.
    Outro ponto curioso: a minha mãe ingressou na vida profissional fora de casa (era uma mulher muito à frente no seu tempo) apesar de uma certa resistência da parte do meu pai (um homem com valores bastante tradicionais). A minha mãe ganhava o dobro do que o meu pai ganhava e isso nunca foi motivo para que não fossem felizes ou houvesse desentendimentos (ou então, sou eu que vivo ainda nessa ilusão…). Quando me juntei com o meu companheiro e ganhando eu mais 20% do que ele e tendo eu um curso superior e ele não, ouvi do meu pai o seguinte comentário: olha que isso pode minar a vossa relação. Ao que eu respondi, chocada, que até esperaria isso de outros elementos da família, mas nunca dele, tendo em conta que ele sempre auferira menos.
    Outro facto curioso: quando entrei na faculdade, já a minha mãe tinha falecido e o meu era o único com rendimentos para suportar os meus estudos (a somar à pensão de sobrevivência, que era apenas 30% do vencimento regular da minha mãe se fosse viva). Pedi bolsa de ação social e foi-me negada liminarmente. Um dia em conversa com outra colega, que também tinha uma situação familiar semelhante (o pai dela falecera e a mãe era a única que trazia rendimento para casa, e o rendimento per capita era praticamente o mesmo) descobrimos que ela recebia a bolsa máxima e eu nenhuma. Quando manifestei a minha surpresa ela diz-me que era óbvio que isso sucedia porque na nossa sociedade o pai ainda é considerado o ganha-pão da família e como tal a ponderação de não ter pai é muito superior à de não ter mãe. Infelizmente, a conclusão não anda assim tão longe da realidade segundo me confirmaram pessoas que trabalham na área da ação social.

    Talvez por ter tido o exemplo da minha mãe, de ser mãe, empregada doméstica e com uma vida profissional fora de casa, segui-lhe as pisadas. Nem nunca coloquei a hipótese de ser de outra forma. Por uma razão simplicíssima: nunca me quis colocar numa situação em que tivesse que depender financeiramente de outrem. Fosse um marido, um companheiro ou o que valha. Trabalho porque gosto, porque me faz sentir útil e dá-me um propósito. Mas principalmente, é o meio para eu ser financeiramente independente. Esta necessidade e convicção absoluta foram profundamente abaladas quando fui mãe, tanto da primeira como da segunda vez. Querer ter uma carreira profissional que me fornece meios financeiros para me sustentar sozinha caso necessite, entrou em choque profundo com a culpa de não estar 100% presente na vida dos meus filhos. Obviamente que ultrapassei a coisa, por via da racionalização da realidade em que estava.
    Concordo com a Constança em absoluto quando ela diz que nós consciente ou inconscientemente contribuímos para perpetuar uma série de ideias pré-concebidas. O facto de o meu companheiro trabalhar por turnos rotativos e muitas vezes noturnos faz com que eu seja o “uber de serviço” dos miúdos para a escola e para as atividades desportivas. O meu companheiro e eu dividimos todas as tarefas e ambos fazemos tudo em casa, não temos qualquer sistema de apoio e eu clarifiquei isso logo desde o início da nossa relação, que não iria suportar o grosso das tarefas domésticas e de acompanhamento dos nossos filhos, caso os viéssemos a ter. Tanto aspiro eu como ele, e isto vale para tudo (menos o engomar, para o qual ele tem uma inaptidão inata ihihihih). Passam-se meses que não estendo uma peça de roupa, porque ele faz isso. E os meus filhos cresceram a ver-nos dividir tarefas e a tomar decisões conjuntas. O meu filho mais velho começou a perceber isso desde pequeno (logo aos 4/5 anos). Acha normal as mulheres assumirem papéis de destaque e em igualdade de circunstâncias com os homens. Já o mais novo (com 8 anos) há dias comunicou-me convicto que as mulheres não podiam ser bombeiras ou polícias. Fiquei possessa, para não dizer outra coisa! Questionei-o sobre se era esse o exemplo que ele tinha em casa, porque não faço ideia onde foi buscar esta ideia.
    Há dias partilhei um vídeo no Facebook exactamente sobre o preconceito, sob a forma de uma adivinha: um rapaz foi a uma entrevista e o pai levou-o ao local. À porta, ele recebe uma chamada do CEO da empresa. O pai sentado ao seu lado encoraja-o a atender e quando o rapaz o faz, do outro lado da linha ele ouve: “Son, you got this!”. A adivinha é perceber quem é que está ao telefone. Escusado será dizer que todos no vídeo erraram. E eu também não cheguei lá.
    Há uns anos, li um artigo de um gestor de topo em que ele contava que tinha por hábito contratar mulheres para cargos de chefia ou que envolvessem tarefas complexas e com um elevado grau de exigência. E ele explicava que o motivo por que o fazia era porque valorizava a capacidade de gestão de recursos materiais, financeiros e de organização/multitasking das mulheres e mães. Porque se elas conseguiam organizar e manter uma casa com marido e filhos, também eram capazes de estar à altura da exigência desses cargos.

    Quanto ao AO, sou uma semi-jurássica… já escrevo um híbrido entre o antigo e o novo, muito por força de ter sido adoptado no meu local de trabalho, mas na minha vida pessoal escrevo no antigo AO. Confesso que também me irrita um bocado aquela rasurazinha vermelha quando escrevo no word a dizer que aquilo está ortograficamente errado e tendo por isso a evitá-lo.

    Quanto à menstruação e menopausa, veja-se por exemplo a questão da endometriose e o quão debilitante pode ser, nos dias em que a mulher está menstruada. E explicar isto?! (ok, eu escrevi isto antes de chegar ao fim do podcast…) Ou a questão da laqueação de trompas versus uma vasectomia. Porque se privilegia uma e não a outra?! O mesmo vale para os contraceptivos, porque é que a mulher tem que tomar a pílula para garantir que não engravida. Porque é que não é o homem a usar preservativo?! Porque é que há uma panóplia de pílula feminina e uma ou duas masculina?! Podemos desequilibrar o corpo feminino com contraceptivos hormonais mas o do homem não, porquê?

    Pronto, mais um lençol de comentário eheheheh

  2. Ana Teresa Vale says:

    Acerca das licenças de parentalidade – a nossa lei é muito à frente, prevê uns dias obrigatórios para a mãe e uns dias obrigatórios para o pai; o restante pode ser dividido entre pai e mãe como o casal achar melhor.

    Teoricamente. Porque depois na segurança social, são os funcionários que decidem o que é que os casais podem ou não fazer. Quando nasceu o meu filho, nós queríamos dividir o tempo da licença, sendo que o pai ficaria em casa no último mês e meio da licença. As funcionárias recusaram e disseram que só podia ficar um mês. Porquê? Porque sempre foi assim que elas fizeram e o facto da lei ter mudado não interessava nada.

    A lei tinha mudado há pouco tempo na altura, pode ser que agora já esteja diferente.

    Na altura, a segurança social é que ficou a perder, porque o que eles me pagavam a mim para estar de licença era substancialmente superior ao que pagavam ao pai. Mas o enviesamento é mais forte!

    • anitanotrabalho says:

      Sim, depois entram em jogo fatores como o preconceitos enraizados ou mesmo culturais…resta a esperança de mudanças geracionais…

Deixe uma resposta

O seu endereço de email não será publicado. Campos obrigatórios marcados com *

Este site utiliza o Akismet para reduzir spam. Fica a saber como são processados os dados dos comentários.